domingo, 4 de dezembro de 2016

Saco plástico

Se sou humano, tudo o que faço, por definição, é humano.
Por que então não me sinto uma pessoa?
O quarto uma toca para fugir do toque, o comportamento máscara de algodão doce, os homens só hostilidade. Lidar com o outro me obriga a confrontar minhas misérias e inabilidades, convivo e assusto-me fronte ao progresso adiante, feito susto adiantasse. Como todos eles construíram pontes? Sou saco plástico boiando no oceano, gritando que sou ilha: "liga-me a você!"
Nunca sou dada ouvidos.
Se sou humano, tudo o que sinto, por definição, é humano.
Por que então não me vejo convencional?
As frases falhas tentativas de fazer-me deles, aproximação plástica, plácida gritaria. Lidar com o outro me obriga a mostrar o que ainda não aprendi, brigo comigo feito um par de irmãos. Como todos eles encontraram sossego? Sou pote vazio, rachado em silêncio: "enche-me de algo!"
Mas nunca sou dada ouvidos.

Se sou humano.
Se sou humano.
Deus que me livre. 
Eu queria ter sido saco plástico.

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