domingo, 14 de outubro de 2012

I best be on my way out

"Wonder what it means to live forever 
Wonder what it means to die" - Switchfoot, "Vice Verses" 

Estamos num colapso existencial. O que é isso? Ninguém quer morrer. Mil remédios e elixires da juventude em forma de cosmétios, expostos em letras grandes para que qualquer olhar os alcance. Envelhecer é brega, morrer jovem é sintoma de subdesenvolvimento social. Quanto a mim, digo: mal posso esperar pela minha morte. 
É chocante à primeira vista, porque tudo em volta conspira a favor da longevidade. Mas eu não aguento mais esse lugar. Eu vi pouco mas não foi pouco. Eu quero mais do que eles têm para oferecer, eu quero uma cor nova, um som que eu nunca imaginei, uma flor cuja forma nunca foi desenhada. 
A morte é lucro. 
Tenho leve pena de quem fica para traz, chorando a minha ausência. E ficaria devastada se alguém que amo fosse levado antes de mim. Egoísmo. Por deixar sofrer e não querer a dor para mim. Mas é assim que a água flui. Além de não quererem morrer, meus amigos também tem medo da profundidade. Ninguém quer uma música que incomode, um verso para parasitar a mente por dias. É tudo sobre as curvas e o porre do final de semana. O insano é o novo sóbrio. 
E é por isso que me vejo com vontade de correr. Eu quero morar no campo, plantar amoras e framboesas e mirtilos e filhos, e cantar enquanto ele toca violão na varanda, numa velha cadeira de balanço. "So you think you can tell heaven from hell?" E ele me amaria como no dia em que o vi pela primeira vez. No final, na minha ultima respiração... será candido? ou disturbador? Qual anjo estará aqui para me levar? Ele sabe voar? Ele me viu nua? 
Esse espaço, ele está preenchido de vazio. Ele queima e depois nunca frutifica, ele fala e não sabe escutar. É muito doente, é muito remédio. As pessoas estão sempre com a boca aberta e a cabeça fechada. Elas têm o bolso cheio e a cabeça vazia.
 Que clichê. 
Isso também me tira do sério. Nada do que pode ser feito ou falado aqui será pela primeira vez. Já foi tudo feito, todas as músicas já existem, todos os meus filhos já morreram. Mas que a Graça me encubra e me acaricie o peito agitado. Eu não quero ser só mais uma, e é isso o que me torna como elas. 
Chega de matéria, eu quero energia.

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 Limpando a ferrugem, estou extremamente sem graça. Parece que escrevo o mesmo texto há séculos. Get me out, take me far from me. Comment ça se dit? atrofiei. Não devia passar tanto tempo sem escrever.

Um comentário:

Sara Castro disse...

Adorei quando vc diz " todos os meus filhos já morreram". Isso me parece bem literal, claro, dependendo de suas crencas.
Não existe a primeira ideia, todas estão em um ciclo fechado que se chama universo. E nós não morremos, e sim subimos degrais.
Ninguém é igual. Todos suspiramos em pensamentos e esbocamos os mesmos sintomas que vc escreveu ter. Alguns disponibilizam energia para eles, outros os deixam passar. Você escolhe o que mais vai lhe fazer feliz. :)

Sim, isso é muito bíblico "morrer é lucro". Mas tente alcancar plenitude nessa vida.
Havera tantas ainda, e nao é bom se queixar, o mar vermelho pode ficar um pouco maior do que é :)