terça-feira, 16 de agosto de 2011

Por falta de título, vai este

"But I have a friend
With whom I like to spend
Anytime I can find with
I like sleeping in your bed
I like knowin' what is goin' on inside your head
I like taking time
I like your mind
I like when your hand is in mine
And my heart skips a beat
Everytime that we meet
I can't find the words to make it sound unique
But honestly
You make me strong
I can't believe I've found someone this kind
I hope we carry on
'Cause you're so nice and I'm in love
With you"






Kate Nash - "I Hate Seagulls"





Eu me enchentava de mim, fazia do meu olho a banheira do meu quarto de dormir. Naquele momento, era eu meu quarto de hóspedes. Uso agora e já aviso ao leitor que gosto do egocêntrico humilde, essa febre de pronome possessivo que possuo.
Mas voltemos ao banho.
Eu era sozinha, abraçava a mim mesma com minhas mãos frias desse tempo frio pelo qual não tenho - vá lá - muito apreço. Dito isso, o sozinha torna-se triste, e trato de fazer do triste um melancólico e insolúvel quebra-cabeças. O que dói realmente é saber de meu próprio mal: fico-me desinocente. Com mais algumas peças, torno-me consciente. Com mais alguns abraços, chorente.
Mas você me pegou pelo coração e me envolveu. Você retalhou a face do meu pesar e trucidou as entranhas do meu desencontro comigo mesma. Ah... você foi belo. Você foi mais uma vez aquele que me sorriu e fez-me sorrir. Pegou-me agora na cintura e uniu nossos pés, de forma que, arrastando o seu esquerdo, o meu direito também movia-se para lá. E depois para cá, e depois para perto da escrivaninha.
Deixei passar o momento, como se tivesse sido um pedaço comum do dia, da semana, do mês. Não contei a você o quão importante aqueles três minutos haviam sido, mas saiba agora que foram grandes.
Ali, deitada no seu ombro de homem, eu senti um travesseiro fazer-se costurar por própria conta. Ele criou suas próprias agulhas, produziu sua própria lã e uniu minhas lágrimas ao tecido de sua camiseta.
É tão miserável tentar agradecer-lhe com palavras humanas...
Que Deus faça-lhe entender um dia esse grande que eu tenho por você; esse grande cujo nome ainda não me foi ensinado, mas que tão bem aprendi.




Machado de Assis mais uma vez humilhando-se ao meu modesto escafandro. Sobre as dúvidas: não quis mencionar nada erótico no texto, foi tudo muito cândido.

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