“I know who I am and I’ll know what I want if and when it comes along” – Fionna the Human
No timbre sucumbido, um apelo: deixa-me testar este último tom. Entrego-me ao que é meu e me aproprio das aberrações que me tornam um bicho indecifrável.
Vou mudando à medida que me observam e flagram, conforme as vozes de dentro gritam demais e se sujam de música no meu dia-a-dia. Escrevo melhor quando não me importo se você não entender.
Tiro a blusa, escrevo uma lista, sinto meu corpo nos dedos, dirijo com prazer.
Mas não é isso que vim dizer (...) Valha!
É da microfragmentação de uma vida. Pode ser a minha neste caso, já que é tudo o que tenho para oferecer e o único objeto de estudo que sei que não mentirá para mim. Vê, importo-me com o destino desta ideia, pois está se formando ao passo que me descubro também.
Silenciosamente moldo universos, variações da minha realidade: uma existência numa corda em paralelo, percebe o lunatismo. Mas não sei evitar, são mundos frágeis demais para eu ignorar, eu preciso percebê-los e concebê-los em meu ideário. Lá o tal mundo continua por moldar-se sozinho até que. Até que? Até que eu seja observada e flagrada. Daí o código se quebra, os zeros e uns abduzidos no tempo-espaço. Retorno a mim, com mais uma ideia acumulada, socada de volta ao mundo real.
E pensar que esse mundo criado baseou-se nas impressões que tenho sobre o mundo real a partir de meus olhos, em perspectivas singulares, passado o tempo.
Transformo então tudo isso em arte, apesar de minha precariedade assertiva, para olhar depois e com alguma sorte constatar: é daqui que tirarei material para esculpir meu próximo mundo.
Toda forma de arte é uma microfragmentação da vida, um apelo por atenção em meio à distração. É minha única forma de grito, é o único jeito de me explicar. E temo que todo o resto não mereça cuidado.
Tiro a calça, escrevo um texto, sinto minha mente nos dedos, durmo com prazer.
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