Tenho uma lembrança guardada dos tempos que choro.
É sempre muito silencioso e forte, como o que uma criança sente ao cair de patins com a barriga ao chão sem conseguir respirar por alguns segundos. Calada, com o rosto colado no asfalto, ela sente um profundo desespero e anseio pela vida, como se a morte a estivesse quase a levando embora. Ela não sabe, mas, na verdade, essa memória permanecerá por mais tempo do que as cicatrizes que ela acabou de ganhar. É na aflição que se valoriza o estar bem.
É assim que eu me sinto. Toda vez que choro é como se o mundo estivesse entrando em mim na forma de veneno, possuindo-me aos poucos sem que eu tenha o controle de uma gota sequer. E quando me percebo, estou com as mãos fechadas, duras como bolas de boliche, fazendo um strike na minha fraqueza.
Às vezes nem tenho tanto motivo, fico maximizando a dor para chorar mais, parecer que tenho uma vida sofrida. Altero os enredos que me levaram ao pranto como se uma desgraça me tomasse como amiga, até que me encontre chorando mudamente e contorcendo meu cérebro espremido na minha cabeça que lateja e lateja como se o sangue passasse por ela pela primeira vez.
Devo ter essa necessidade de sentimento por fome de vida, busca pela água viva que ainda não experimentei. É um desejo monstruoso de transcendência e eu não consigo me aquietar, sempre preciso de um papel perto, uma música para ouvir, um versículo para ler. Bato a mão forte no meu peito, arranho meu colo ao cantar, porque quero sentir meu corpo responder cada movimento que faco.
Dentro da lágrima, descem meu grito, minha ânsia, meu pecado, meu pesar, minha sujeira, meu vazio, meu lotado, meu nunca ser, meu sempre fui.
Toda vez é assim, uma muiteza que só existe em si mesma, um colo que se abriga e um sono que se dorme. Ao final, com os olhos inchados e as mãos molhadas, vem uma brisa calma e dedos de mãe para pentear meus cabelo desde a testa. Daí a calma, o amanhecer.
Assim, a lembrança se refaz, fortificada. Esperando pela próxima vez, meus olhos e coração se atentam às mudanças e necessidades que vou recebendo. Drama por drama, sentimento por sentimento.
Não se se você consegue entender, mas para mim é muito claro. Claro como esse escuro dentro de mim que procuro iluminar cada dia mais.
Um comentário:
Hey,Leti! Lembra de mim? saudades de ti, guria! Te indiquei a um Meme lá no blog: http://missthay.blogspot.com.br/2012/08/meme-voce-e-o-que-voce-le.html
Quando responder, me manda o link! Tô curiosa pra saber suas respostas, hehe
Beijos,
http://missthay.blogspot.com
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