segunda-feira, 8 de abril de 2013

Teus olhos de abismo

(olha, Brunno, voltei)

Eu lá ouso espectar novamente. Ponto de luz clara refletido, debruçado no teu verde (só teu, a ser patenteado). Coelho branco perdeu-se deveras vezes enquanto descia. Alice nunca mais voltou para casa; os pais choram de agonia.
E enquanto tento arrumar conversações sobre - velhice? onerosidade? - tudo do que falo é módico. Só para ouvir as notas dançando da tua boca para fora, sentir-me bem. Talvez o fim se afaste quando chegas mais perto, feito um sentinela parando os carros, que insistem no atropelar-me, com um gesto tão simples e absoluto. A tristeza atenta-se diante de ti. Ou foram teus dedos que a carregaram a mim? A fim de que o mundo embaça-se quando cogito furtar-me dos homens?
É o desconcerto do mundo vindo ao meu chá das cinco, conforme habitual.
Fere com, fere sem. Abstenho-me da dor, então ela vem. Vislumbro minha articulação e imagino como ela entreter-se-ia com a tua em dados momentos de...
De afeição pura: era o que preconizei do início, (e) ainda é o que anseio. Que seja ruim crer, mas creia, ainda te quero. Não peço para vir, porém por medo de que o tempo já passara por avanço. Ou de que as paredes que tuas mãos construtoras ergueram já tenham secado. 
Oro, pois: quando já secas demais, erodidas o bastante, ao ruinizarem-se, podes supor-me então? E ao abismo, com a poeira, posso descer? Queria apenas olhar-te nas portas de entrada. Mesmo que depois desabe.
Já éramos pó antes de sermos nós, ora.

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5 comentários:

Aurora disse...

Lindo, apenas.
Beijos.

umsoprononada.blogspot.com.br

Letícia Giraldelli disse...

Olá Letícia que tem o mesmo corte de cabelo que o meu! hahaha
Você escreve muito bem... Por algumas vezes fez-me lembrar da minha ex namorada, e ai, que badzinha!


hahaha

beijos!

Brunno Lopez disse...

Que belo direcionamento. Descreve como cenas de filme, roteirizadas profissionalmente. Oscars? Talvez.
Mas o prêmio é mais pra quem lê do que pra quem escreve - leitores são ricos quando querem.

Essa parábola convence em palavras rebuscadas, desmedidas propositalmente - espero eu - que atribuem novas funções ao raciocínio lexical de quem decide embarcar nesse ônibus de sensações.

Continue. Essas linhas não podem ser ignoradas. Suas linhas não podem.

Letícia Giraldelli disse...

Af, como assim?! Ok, nomes iguais, corte de cabelo igual... Agora a melhor parte que era gostar de mulher, você não roubou de mim? hahahahah :P

eu tenho vinte anos e você?

Ana Carolina disse...

simplesmente encantador!