segunda-feira, 29 de agosto de 2016

1:42, Burger Queen

     Um cigarro no parapeito do meu quarto. Nua. Tudo estranho e familiar.
     Sou dada às intoxicações, mau inevitável...
     Pensamos mesmo diferente. Eu jamais me renderia a uma vida sossegada.
     Mas me apeguei a essas cartas, logo a apodrecerem no seu chão. Tem de ser assim. Tem de ser assim?
     Acordo revirada e esfaqueada, você poderia ter sido só um sonho; um sonho de um ano, mais veloz que um segundo. Um sonho amargo e bruxento. Um sonho.
     Acordo e lembro da marionete que sou. A culpa me empurra para onde lhe é conveniente, preferencialmente o mais longe possível de mim.

De repente e aos poucos desapareço.
Gradualmente,
E então de repente.
O que sou? E o que fez de mim?
Acordo muda e paralisada. Parece hospital mas é só o quarto de sempre. É a mesma porra de quarto. A mesma porra de eu. Tudo igual. E incomodamente do avesso.

A natureza interna escolhe trajetos que me constrangem.

Que me sufocam
Que me engessam
Que me obstruem
E me renovam.

Acordo,
Infelizmente,
E para minha sorte,
Acordo.

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