domingo, 2 de outubro de 2016

Até faz sentido // mas é ilógico


I'm trying to get out
Find a subtle way out
Not just cross myself out
Not just disappear
I've been trying to stay out
But there's something in you
I can't be without
I just need it here
Oh I need

New ways
To waste
My time

Porque eu não quero incomodar a sua paz.
Então eu calo.
Se essa omissão estiver fazendo casa no mais vital de mim mesma? Que azar! E sairia do quarto num tom de fatalidade, com o controle na mão (espero que ninguém veja, que eu poderia consertar tudo isso tentando do jeito certo).
Encontro mais estrada, mais sol na cara, mais noites em silêncio e progressivamente mais espaço na cama. E eu queria que isso tudo tivesse a ver com você. Sem querer, e de uma forma, não deixa de ter. A atmosfera pede em códigos para você ler, mas não: eu não sou mais inteligente que você com toda a minha poesia de segunda. Mas eu nunca disse que sou coisa alguma.
E logo você, com todo o seu domínio da língua, escolheu falar de mim (de mim?) no tom mais baixo que encontrou. 
Ficamos aqui, chutando esse corpo morto. Quem sabe ele não volta a respirar? Mas dessa vez quem mata é você, que eu não mexo um dedo a mais para me defender. No fim eu só te machuco.
Quando eu lembrava de você, era num tom brando,
era uma cortina branca, 
fina, voando janela afora de manhã: tinha uma leveza e dança, e alguma melancolia que eu não conseguia nomear, acabava por me fascinar também.
Agora tem gosto de bituca de cigarro.
Eu lembro da sua grosseria e analiso, inconclusivamente, suas acusações. Já não passou tempo o bastante? Já não crescemos um pouco? Você não estava ótima?
Me perdoe. Me perdoe.
Porque quando eu estava lembrando era você na minha frente, Macarronada Italiana com um garçom ágil demais. É você no Container desajeitada porque eu paguei a conta toda em segredo. É você falando que eu sou enorme na Estaleiro. É você furtando um colar que eu não sei tirar do pescoço na Forever 21. É sua camiseta que eu uso pra dormir. É meu diário empesteado de F. É um domingo marrento na praça da paz, com o Bento sem dar sossego. É uma porção de coisas boas, de belezas, de memórias. É princesa Jujuba e é Canadá e sou eu me rasgando toda na sua frente, eu nem ligava mais. É você falando que eu consigo, que eu tenho talento e sensibilidade.
Eu me lembro, que fui eu, porque não tinha mais eu: tinha uma forma humana vivendo no propósito de não te frustrar. Tinha um sonho sufocado. E agora, agora mesmo, enquanto eu pseudoconverso com você, tem menos ainda. 
E isso é tudo.


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