domingo, 2 de outubro de 2016

Minha Brastemp fede mas nenhum pote que eu abro está estragado

Eu acho que ainda sou uma pessoa. Mas eu poderia estar errada.
Eu acho que sou feita de finais de semana e de hambúrguer com cebola caramelizada. Essa quinquilharia digital e os meus erros infantis levantam o monumento que sou, esculpido em carne por algum artista mal qualificado. Foi o que eu pude pagar.
Já dos interiores... 
Vou me desfazendo, fibra por fibra que cede ao puxões. Desapareço silenciosamente, com medo de fazer barulho e te acordar. Vou dizendo tchau para todos os sentados durante essa reunião de última hora, com medo de atrapalhar. Desculpa eu estar sumindo, prometo que estou encontrando a melhor saída possível.
Balbucio uma reza em suspiros de castigo e dúvida, limpo a culpa escorrendo da boca, compro mais um vidro e continuo andando, procurando outro hospedeiro.
Eu poderia estar errada, e pensar em você não ajuda em nada.
Mas eu acho que ainda sou uma pessoa.

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